Vacina da gripe: mitos e verdades sobre a proteção contra o vírus
- amandadesanta
- 31 de jul.
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Campanha nacional de vacinação começa em abril. Entenda a importância da imunização para prevenir quadros graves e até mortes pela doença

Segura, eficaz e distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para grupos prioritários, a vacina contra a gripe é uma aliada fundamental na prevenção de casos graves e mortes pela doença. Ainda assim, parte da população resiste à imunização, muitas vezes influenciada por mitos que circulam na internet sem qualquer respaldo científico. Essa onda de desinformação pode comprometer os resultados da campanha nacional que, neste ano, tem início previsto para 7 de abril em todo o Brasil, e para 1º de abril no Paraná. Para esclarecer dúvidas e tranquilizar as famílias, profissionais da saúde ouvidos pela reportagem ajudam a derrubar as principais fake news sobre o imunizante.
Daniel Kakitani, médico infectologista e coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital São Francisco, em Cambé, explica que a vacina é a forma mais eficaz de se proteger contra os tipos mais graves do vírus Influenza. Ela precisa ser aplicada todos os anos, porque o vírus sofre mutações constantes, capazes de enganar o sistema de defesa e causar outros quadros infecciosos. Mas, ela não protege contra todas as variantes do vírus. “A vacina é feita com as cepas virais mais prevalentes do final do inverno passado no nosso País”, afirma Kakitani.
Além da proteção individual, a vacina ajuda a conter a circulação do vírus, favorecendo a imunidade coletiva. Mesmo quem teve gripe recentemente deve se vacinar, já que há várias cepas em circulação. Um dos mitos mais comuns é o de que a vacina causa a gripe. “Os imunizantes usados no Brasil não possuem vírus ativos, ou seja, não causam a doença. O que pode ocorrer é uma leve reação, como dor no local da aplicação ou mal-estar passageiro, sinais de que o sistema imune está reagindo”, explica Kakitani.
A vacina só não é indicada para pessoas com alergia a componentes específicos ou por recomendação médica, mas, Kakitani ressalta que cada caso deve ser avaliado individualmente. Outro mito é o de que “baixa a imunidade”. Na verdade, ela estimula o organismo a produzir defesas contra o vírus. Também é incorreto pensar que apenas os grupos prioritários devem se vacinar. “Todos que puderem deveriam se vacinar para reduzir a chance de adoecer”, reforça o médico.
Kakitani observa que a desinformação nas redes sociais impacta diretamente no sucesso das campanhas. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 90% do público-alvo em 2025, seguindo os parâmetros do ano passado. Só que, em 2024, a cobertura vacinal do público prioritário contra a Influenza foi de apenas 48,89% na região Norte e 55,19% nas demais regiões do País. Essa baixa adesão, de acordo com o infectologista, contribui para elevar as chances de casos graves da doença. O médico recomenda que as pessoas que possuem dúvidas sobre o imunizante, busquem informações confiáveis no site oficial do Ministério da Saúde.
“É uma vacina muito antiga, bem testada, com campanhas pelo Ministério da Saúde desde 2010 e milhões de pessoas vacinadas todos os anos”, tranquiliza.
Vacina é segura em bebês
As fake news sobre imunização têm gerado inúmeras dúvidas entre pais de bebês e crianças e feito com que muitos deixem de levar os filhos para se vacinar. Mas, a pediatra do Hospital São Francisco, Luziana Suzuki Brambila, ressalta que a vacina da gripe é segura para bebês a partir dos 6 meses de idade. “Ela é validada no mundo inteiro e tem um perfil de benefício-risco favorável em todos os grupos etários”, destaca a médica.
Segundo Luziana, a vacinação é importante, pois previne formas graves da doença e internações, além de diminuir a disseminação do vírus, especialmente em ambientes como escolas e creches. A pediatra explica que não vacinar as crianças aumenta as chances de elas adquirirem as formas graves da doença, como a síndrome respiratória aguda grave, e outras complicações. “Vacinem seus filhos. A vacina é a melhor aliada contra a gripe. Ela foi consolidada há muitos anos, é segura e eficaz em prevenir formas graves”, orienta.
Risco para idosos
A médica geriatra Lindsey Nakakogue, professora da PUCPR Câmpus Londrina, destaca a importância da vacinação para quem tem mais de 60 anos. Com o envelhecimento, o sistema imunológico se torna menos eficiente, e alterações no sistema respiratório facilitam a evolução da gripe para quadros mais graves, como pneumonia.
“Idosos geralmente têm comorbidades, como problemas cardíacos ou diabetes, e a gripe pode descompensar essas condições. Já está comprovado que a vacinação reduz até o risco de infarto e outras doenças cardiovasculares”, aponta.
Ao contrário dos resfriados, que causam sintomas leves, a gripe costuma ser mais intensa, com febre alta, dores no corpo e cansaço. Se não tratada, pode evoluir para infecções bacterianas. Para evitar tais complicações, a geriatra indica que a vacinação seja feita logo no início da campanha, pois o imunizante começa a fazer efeito até duas semanas após a aplicação.
“É importante que filhos e cuidadores fiquem atentos ao calendário vacinal dos idosos, principalmente aqueles com dificuldades de locomoção ou alteração cognitiva. E vacinar as crianças também ajuda, pois evita que transmitam o vírus aos avós”, afirma a geriatra.
Segundo Lindsey, é essencial aproveitar a visita a uma unidade de saúde para verificar a carteira de vacinação. A vacina da gripe pode ser administrada junto com outras, como a da Covid-19. A orientação dos profissionais é clara: vacinar-se contra a gripe é um ato de cuidado individual e coletivo.





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