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Tratamento das varizes deve levar em conta primeiro a saúde para, depois, atingir a estética

Doença aparece mais nas mulheres e, na maioria dos casos, ocorre pela predisposição genética. O cirurgião vascular é o profissional indicado para o diagnóstico e tratamento


Aos 28 anos, a fisioterapeuta e instrutora de pilates Clariana Beffa fez sua primeira cirurgia de varizes. Ela é a prova real de que a doença, que acomete quase 40% da população brasileira, não atinge só pessoas idosas. Apesar de conhecido, o problema, que não tem cura, ainda gera dúvidas e é cercado de mitos. Mais do que pensar na estética, é necessário buscar a avaliação de um médico cirurgião vascular para analisar o quadro de saúde e as possibilidades de tratamento e alívio dos sintomas.


Mariana Gibim, médica cirurgiã vascular do Hospital São Francisco.
Mariana Gibim, médica cirurgiã vascular do Hospital São Francisco.



Mas, o que são as varizes? A médica cirurgiã vascular do Hospital São Francisco de Cambé, Mariana Gibim, explica que são veias dilatadas e tortuosas, que apresentam mau funcionamento, ou seja, um fluxo sanguíneo mais lento. Elas são mais predominantes nos membros inferiores. A doença é considerada crônica e pode ser assintomática ou causar dor e queimação nas pernas, sensação de pernas pesadas e cansadas, inchaço e câimbras. Em casos mais avançados, podem aparecer feridas e alterações na textura da pele.

 

Uso de salto alto, trabalho muitas horas em pé e cigarro são comumente associados ao surgimento da doença, mas não passam de mitos. Isso porque a condição, na grande maioria dos casos, ocorre pela predisposição genética. A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) aponta que obesidade, sedentarismo e múltiplas gestações também podem favorecer o aparecimento das varizes, que são mais predominantes nas mulheres – na proporção de até 2,3 para 1 homem. A condição também é mais comum em idosos - 70% das pessoas acima dos 70 anos podem sofrer com o problema.

 

Diagnóstico

 

É comum que o paciente com varizes chegue ao consultório médico com o diagnóstico pronto, já que, na grande maioria das vezes, elas são visíveis na pele. Mas, a cirurgiã vascular alerta que algumas pessoas podem ter as pernas lindas por fora, sem manchas, mas sofrer de cansaço excessivo no fim do dia, um sinal de que pode haver alteração no funcionamento das veias. Para identificar a doença, ela conta que é feito um exame de ultrassom nas pernas, chamado de ecodoppler venoso, para visualizar o fluxo sanguíneo e ajudar no diagnóstico.

 

“Se a pessoa tiver história familiar é interessante observar desde a adolescência. Aos sinais das primeiras varizes, é importante fazer uma avaliação e acompanhamento”, orienta Mariana.

 

Opções de tratamento

 

A médica Mariana Gibim afirma que, apesar de não ter cura, é possível tratar o problema para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Segundo ela, é recomendado procurar atendimento médico assim que identificar a condição, pois quanto antes é iniciado o tratamento, melhores são os resultados e a evolução do quadro. Em muitos casos, não há necessidade de medicação ou cirurgia, o alívio dos sintomas pode ser feito com mudanças simples de hábitos, como atividades físicas, alimentação saudável e controle do peso.

 

De acordo com a cirurgiã vascular, as varizes podem ser tratadas com laser transdérmico, uma técnica minimamente invasiva que utiliza a luz do laser para destruir veias varicosas, especialmente as de pequeno e médio calibre, sem necessidade de cortes; cirurgia tradicional, que consiste na remoção das veias safenas e outras veias comprometidas através de incisões na pele, técnica que requer hospitalização e anestesia; e a cirurgia endolaser, menos invasiva e que oferece recuperação mais rápida, que utiliza laser para fechar e tratar veias dilatadas, especialmente as veias safenas.

 

“Não existe o melhor tratamento para varizes, cada quadro deve ser avaliado individualmente, de acordo com o estágio da doença, sintomas e nível de exigência do paciente em relação à estética”, conta Mariana.

 

A médica ressalta ainda que o tratamento cirúrgico contribui para a melhora significativa do quadro, mas não é definitivo, já que mesmo após a retirada do maior número de veias doentes, a genética pode favorecer a formação de novas varizes. Se não tratado, o problema pode evoluir para complicações de saúde mais sérias, como úlcera venosa de difícil cicatrização, que pode levar a infecções secundárias. Nestes casos, o tratamento exige bastante repouso e que o paciente se afaste do trabalho.

 

Fisioterapia é aliada

 

Clariana Beffa diz que buscou atendimento médico pela estética, que a incomodava. Ela conta que raramente sentia dores nas pernas, mas uma costumava inchar mais que a outra. A jovem tem casos da doença na família, os pais já operaram – o pai precisou de intervenção aos 18 anos. Depois de fazer exames, passou por uma cirurgia a laser para a retirada da safena. No pós-operatório, ela usou meias de compressão e fez sessões de drenagem linfática, que a ajudaram na diminuição do inchaço e alívio nas pernas.

 

“Hoje, o tratamento está modernizado, eu operei numa quarta-feira e na outra terça já consegui voltar a trabalhar”, lembra a jovem.

 

A fisioterapeuta Lidiane Ribeiro destaca os benefícios comprovados cientificamente da fisioterapia, que acelera a recuperação e a funcionalidade do paciente no pós-operatório, prevenindo complicações como hematomas, seroma, linfedema e trombose.

 

Entre as técnicas mais utilizadas, segundo ela, estão o taping, que ajuda na absorção de edema; a drenagem linfática, que proporciona alívio da dor; a técnica de mobilização tecidual, que atua na reorganização das fibras de colágeno durante o processo de cicatrização; e também a técnica de bombeamento metabólico, para melhorar o retorno venoso e reduzir o risco de trombose venosa profunda.

 

“A fisioterapia é fundamental para a recuperação quando iniciada precocemente. Mas, é muito importante que a equipe multidisciplinar trabalhe em sintonia. É necessário respeitar a conduta médica e a liberação do cirurgião para o sucesso da recuperação do paciente. Não há um tempo determinado para a recuperação, pois cada paciente é único e precisa ser reavaliado a cada sessão”, explica Lidiane.

 

Pessoas com pré-disposição para o desenvolvimento de varizes podem atuar na prevenção da doença mantendo uma rotina de exercícios físicos, alimentação balanceada e saudável, controle do peso e uso de meias compressivas. Para pessoas obesas, a hidroginástica é uma boa alternativa, pois ajuda na melhora da circulação linfática.

 

 
 
 

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